31 Mar 2008

Rica Exclusividade

A concessão à Lusoponte da 2ª Travessia do Tejo ligando Lisboa à margem Sul decorreu no âmbito de um concurso internacional, bastante participado, e com consórcios que incluiam as maiores e melhores empresas do sector da construção e gestão de infraestruturas do mundo.

Não há razões para considerar, portanto, que o acordo não foi um acordo justo, que não foi um acordo livre, que não foi um acordo obtido em mercado concorrencial.

Nas negociações finais, para se chegar à chamada BAFO (Best And Final Offer) parece normal que a Lusoponte quisesse incluir no acordo uma salvaguarda para possível (futura) concorrência que viesse a afectar o modelo de negócio que estava a ser negociado e sob o qual os direitos e obrigações de cada uma das partes seriam estabelecidos.

Parece óbvio que se o Estado, a um dado momento da concessão, decidisse construir mais travessias junto às travessias concessionadas à Lusoponte, concerteza que o chamado Base Case da Lusponte não teria condições de se efectivar, afectando, assim, a rentabilidade, se não mesmo a viabilidade, da concessionária.

Do meu ponto de vista vejo duas alternativas fundamentais para efectuar esta "blindagem":

1- Prever esquema de compensação caso uma nova travessia se viesse a concretizar. Compensação pelos danos efectivos e verificados.

2- Conceder exclusividade nas travessias, e assim, qualquer perda de tráfego nas actuais pontes seria compensada na(s) nova(s) travessia(s).

À priori, a primeira opção surge como a mais natural, dada a natureza do assunto (afinal estamos a falar de monopolizar as travessias do Tejo na capital do país) e dado o prazo em que se desenrolam estes projectos (tipicamente algumas dezenas de anos) o que lhes atribui um considerável nível de incerteza. 

No entanto a escolha recaiu  na atribuição de exclusividade, o que pareceu um pouco bizarro.

Há dias, na SIC Notícias percebi por que motivo o ministro da altura (Engº Ferreira do Amaral) fez esta opção. Segundo ele, era sua convicção que dentro do período da concessão da Lusoponte, não haveria necessidade de se construir uma terceira travessia.

Imagino eu que, estando ele convicto disto, terá considerado que ao colocar este direito no contrato com a Lusoponte poderia retirar benefícios adicionais. Porquê? Vejamos:

Para a Lusoponte qual é o valor da exclusividade? Vale a segurança de não ter o plano de negócio afectado por concorrência sem respectiva compensação e vale o que valer o novo negócio de travessias adicionais, ou seja, o  novo tráfego a atravessar o Tejo.

Para o ministro o que é que valia a exclusividade? Vale menos, resolve-lhe apenas o problema de incluir no contrato com a Lusoponte a protecção face a futura concorrência. Mais que isso não era muito, pois ele não incorporava a expectativa de efectiva construção de nova travessia.

Assim, o ministro, vendo que a outra parte atribuía mais valor à exclusividade de travessias do que ele próprio, agiu racionalmente, ou seja, escolheu essa opção. Fazer esta escolha terá possibilitado, espera-se, obter contrapartidas no processo de negociação, as quais ele valorizava mais do que a exclusividade.

No entanto, e em teoria, ele esteve disposto a aceitar menos contrapartidas do que exigiria caso a sua expectativa fosse idêntica à da Lusoponte. E sabemos que não era, porque então nesse caso não se justifica a escolha da opção mais bizarra, pois ela nada acrescentava.

O que vemos hoje é que o ministro estava enganado, e portanto, ao optar pela solução mais bizarra também optou pela solução que mais beneficiou a Lusoponte. De facto, ao incorporar no negócio uma expectativa que se verificou errada, o Engº Ferreira do Amaral aceitou (teoricamente) contrapartidas de valor inferior ao valor que o direito de exclusividade tinha para a Lusoponte e, sabe-se hoje, inferior ao valor que o direito efectivamente revelou ter.

Portanto, e em suma, não creio que neste negócio possamos encontrar desonestidade em nenhuma das partes (suspeita que frequentemente é levantada nos órgãos de comunicação social),  encontro, sim, uma enorme falta de visão do Engº Ferreira do Amaral, que em meados da década de 90, ocupando o cargo de Ministro da Obras Públicas considerou como "muito pouco provável" a construção de uma terceira travessia do Tejo junto a Lisboa.

29 Mar 2008

Ricos Partos

A Srª Ministra da Saúde acha que as mulheres não devem ter o direito de escolher a forma como dão à luz.

O que mais choca é que isto é dito e defendido com o maior dos descaramentos, e de uma forma que até pode parecer que esta gente está mesmo, mesmo a defender os nossos interesses.

Termos agora alguém que nos desonera de ter de escolher o tipo de parto que queremos, alguém sábio e que não tem interesse maior que não seja o nosso próprio interesse, só pode ser considerado positivo.

É claro que esta ideia peregrina tem fundamentos nos esquemas e desvirtuamentos que os benefícios e comparticipações (e são tantos) possibilitaram. Ou seja, mais uma vez, o papel intervencionista do Estado (ao conceder benefícios) é a justificação para mais e mais intervenção. Ora bolas!!!!

E até parece que já estou a ver o próximo passo: uma vez que são dados incentivos à natalidade, ora então, porque não deixar a cargo do Estado decidir quando e quantos filhos temos?!? E mais, se decide como é o parto não parece descabido decidir também como é a concepção!!! De quatro ou à missionário? Se calhar é melhor à missionário, de quatro já estamos todos nós perante estes decisores!!

Daqui a nada estão como no "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, a colocar gotinhas de álcool nas provetas, tantas mais gotinhas quanto menos inteligente querem que o "rebento" seja, e consequentemente de mais baixa casta!

28 Mar 2008

Rica Artista

Lamechas, mas não deixa de impressionar e comover!

Rica Boda

Ouvi dizer que FISCO anda a pedir os comprovativos fiscais das despesas com a boda de casamento! 

Para os noivos é uma maçada, no calor da paixão veêm-se obrigados a afazeres tão terrenos.

Melhor fazia o FISCO se, antes das despesas com a boda, indagasse as despesas com a despedida de solteiro(a). É que essas facturinhas até o outro noivo ia fazer questão de ver! ....e podia até não haver casamento. Olha, menos maçadas!

Rica Música (2)


Tosca - "Honey"

Se possível, não se deixem distrair pelo clip! lol

Rica Música


Sia Furler - "Breathe Me"

Rica Droga

O post anterior divulga, o post actual leva a efeito!

A discussão sobre a legalização da droga não tem sido tema de actualidade. Quando o assunto é abordado a hipótese é apenas "testada" para as drogas leves. Serei ainda do tempo de um referendo, amedrontado, sobre a matéria. Possíveis questões são razoáveis anedotas!!

O argumento mais forte a favor da legalização reside, por incrível que possa parecer, na defesa do indivíduo, ou seja, da sua unicidade, do seu livre arbítrio. Parece de facto bizarro que qualquer indivíduo possa "intoxicar-se" com as leituras que quiser, com as crenças que quiser, com as músicas que quiser, mas de todo não o possa fazer com uma substância, pelo simples facto que esta lhe corre nas veias e aquelas "apenas" lhe toldam o espírito.

Mais que isso, e como segundo ponto, ao impor a proibição, o Estado não só está a ingerir-se na esfera das opções (que deviam ser) pessoais, como ainda impõe a todos os concidadãos o encargo social de viverem com os problemas de violência, crime, corrupção e delinquência, e o encargo material de terem de suportar um sistema de segurança, fiscalização e punição, desviando recursos daqueles que os geram e certamente melhores aplicações teriam pensado para eles.

Fique claro, defender a liberalização não é defender o consumo, longe disso. Esta é uma confusão que agrada aos que se sentem pouco confortáveis com este debate. Os adolescentes de t-shirts com a folha da cannabis estampada e com "Legalize" por slogan perderiam, certamente, grande parte do entusiasmo no seu consumo assim que deixassem de sentir a adrenalina e o sabor do fruto proibido.

A proibição da droga é um paternalismo hipócrita. É um paternalismo de pai que expulsa o filho homossexual de casa, igual ao que vemos com os toxicodependentes que se acabam aos poucos na rua. É um paternalismo de pai que suspende a mesada do filho enquanto este não cortar o cabelo que entretanto foi deixando crescer, assim como vemos os toxicodependentes, vivendo na penúria e pedinchice a que a sua miséria conduz.

Em suma, é óbvio que o aspecto da redução dos danos provocados pela droga é um argumento forte em favor da liberalização, mas que diabo, antes desse está a liberdade de cada um tratar o seu corpo da forma como bem queira. Mesmo que escolha viver apenas até à derradeira overdose.

Que vida quando não se pode escolher a forma como se vive e, querendo, a forma como se morre?!?!

27 Mar 2008

Rica Tolerância

Segunda à tarde, dia de tolerância, em visita à banca do hábito, o meu Courrier Internacional já tinha sido vendido a outro dono.

- Então e o que é que há aí que eu possa ler?

Visão não, Sábado nem pensar, Super Interessante não, que não acho que seja....

Acabei por descobrir a Foreign Policy. A edição portuguesa vai na número 3 e a capa berra "Um mundo sem o Islão" por Graham Fuller.

Folheei e comprei.

Graficamente não é evoluída (faz lembrar a Economia Pura), alguns artigos parecem pouco rigorosos (gráficos com escalas duvidosas, etc), mas enfim, só deu para uma primeira impressão que entretanto a companhia chegou.

No entanto ficou lucro, porque pelas primeiras páginas encontrei nas "Cartas do leitor" o tema para o meu próximo post: "Legalizar ou não legalizar?" ...a droga, claro!

26 Mar 2008

Rico(s) Riso(s)

Conceber o diabo como partidário do Mal e o anjo como um combatente do Bem é aceitar a demagogia dos anjos. As coisas são evidentemente mais complicadas.

Os anjos são partidários, não do Bem, mas da criação divina. Pelo contrário, o diabo é aquele que recusa ao mundo divino qualquer significado racional.

O domínio do mundo, como se sabe, é partilhado por anjos e demónios. No entanto, o bem do mundo não implica que os anjos levem vantagem sobre os demónios, [...] mas que os poderes de uns e outros estejam mais ou menos equilibrados. Se no mundo há demasiado significado incontestável (o poder dos anjos), o homem sucumbe sob o seu peso. Se o mundo perde todo o significado (o reino dos demónios), também não se pode viver.

As coisas inesperadamente privadas do seu suposto sentido, do lugar que lhes é atribuído na pretensa ordem das coisas [...], provocam-nos o riso. Na origem o riso é, portanto, do domínio do diabo. Tem algo de maléfico (as coisas revelam-se de repente diferentes daquilo por que se faziam passar) mas também contém em si uma parte de benfazejo alívio (as coisas são mais leves do que pareciam, deixam-nos viver mais livremente, cessam de nos oprimir sob a sua séria austeridade).

Quando o anjo ouviu, pela primeira vez, o riso do Diabo ficou estupefacto. [...] O anjo percebeu claramente que aquele riso era dirigido contra Deus e contra a dignidade da sua obra. Sabia que, fosse como fosse, devia reagir depressa, mas sentia-se fraco e indefeso. Como era incapaz de inventar, macaqueou o adversário. Abrindo a boca, emitiu sons entrecortados, sacudidos, nos intervalos superiores do seu registo vocal [...] mas dando-lhe um significado oposto. Enquanto o riso do diabo designava o absurdo das coisas, o anjo queria, pelo contrário, regozijar-se do facto de tudo aqui em baixo estar bem ordenado, sabiamente concebido, bom e pleno de sentido.

 Assim, o anjo e o diabo opunham-se e, mostrando as bocas abertas, emitiam quase os mesmos sons, mas cada um exprimia pelo seu clamor coisas absolutamente contrárias. E o diabo via o anjo rir, e ria-se ainda mais, tanto melhor e tanto mais francamente quanto o anjo que ria era infinitamente cómico.

Um riso ridículo é a ruína. Apesar de tudo, os anjos obtiveram um resultado. Enganaram-nos com uma imposta semântica. Para designar a sua imitação do riso e o riso original (o do diabo) há apenas uma única palavra. Hoje ninguém se dá conta de que a mesma manifestação exterior encobre atitudes interiores absolutamente opostas. Há dois risos e não existe uma palavra que os distinga.


Em "O Livro do Riso e do Esquecimento" de Milan Kundera (Título e negritos da minha autoria)


Rico Spam

Meus caros, cá está o meu blogue!

Não foi fácil o arranque, isto é como construir um empresariado e prepará-lo para o mercado: depois da ideia junta-se a determinação, reunem-se os equipamentos e exploram-se conhecimentos.

E deu nisto. Ou melhor, vai começar a dar, ...vai dando.

Só que, como teste ao empreendedor, fui, à partida, suspeito considerado culpado. Assim como se dizem o Valentim e o Carlos Cruz. Ainda que no meu caso seja menor a causa. Pois bem, acabadinho de criar o Rica Ziga! no Blogger, fico sabedor que, infâmes, me acusam de produzir Spam.

Que sim, que o técnico vai ver melhor, mas que os robôs às vezes até acertam e portanto, ficas desde já sob medida cautelar: não mexes nem mais um caracter até que o técnico te abençoe. IRRRRAA!

As minhas intenções são sérias, mas agora que me mostraram a maçã até dá vontade de transgredir! Resisto, no entanto.

O técnico lá deu ámen, e eu lá engoli a hóstia!