19 Jun 2008

2 Jun 2008

Desigualdades no rendimento (I)

A propósito da divulgação de um indicador para a desigualdade que colocou Portugal no último lugar no ranking europeu demonstrarei nos próximos posts que, tendo em conta apenas dois pressupostos muito simples (e com bastante aderência à realidade, julgo eu) as desigualdades no rendimento dos indivíduos, não havendo papel do Estado na sua redistribuição, têm tendência a agravar-se.

Avanço já os pressupostos, e peço-vos que assim vão participando comigo nesta reflexão:

Pressuposto nº1: Uma vez atingido um limiar de bem-estar mínimo que permita ao indivíduo viver com recurso a todas as suas competências físicas e intelectuais, a sua felicidade (no sentido de realização pessoal) não é dada pelo nível de bem-estar de que o indivíduo dispõe, mas antes pelo aumento desse mesmo nível de bem-estar.

Pressuposto nº2: A curva da utilidade marginal é decrescente. Ou seja, sucessivas e adicionais unidades de consumo acrescentam cada vez menos bem-estar.

Versarei (e também porei em causa) um corolário, bastante óbvio, aliás, que resulta destes dois pressupostos conjugados e que atribui maiores possibilidades de realização pessoal aos indivíduos com menor rendimento.

Peço que notem que não pretendo fazer (por agora) nenhum julgamento crítico sobre a (suposta) injustiça nas desigualdades no rendimento, ou sequer sobre qual deve ser o papel do Estado nesta questão. Isso fica para depois.


Rico Livro!