27 Apr 2008
A História dos Sentimentos
Tal como houve um primeiro momento em que alguém esfregou dois paus para fazer uma faísca, houve uma primeira vez em que se sentiu alegria, e uma primeira vez para a tristeza. Durante algum tempo, estavam constantemente a ser inventados novos sentimentos. O desejo nasceu cedo, bem como o arrependimento. Quando a teimosia foi sentida pela primeira vez, despoletou uma reacção em cadeia, criando o sentimento do ressentimento, por um lado, e a alienação e a solidão, por outro. Poderá ter sido um certo movimento de ancas a criar o êxtase; um raio de trovão a criar o primeiro sentimento de assombro. [...] Contrariamente à lógica, o sentimento da surpresa não nasceu imediatamente. Só chegou depois de as pessoas terem tido tempo suficiente para se habituarem ás coisas que elas eram. E quando esse tempo passou, e alguém experimentou o primeiro sentimento de surpresa, houve mais alguém, algures noutro sítio, a sentir o primeiro assomo de nostalgia.
Também é verdade que por vezes as pessoas sentiam coisas para as quais não havia palavras, e que por isso passavam em claro. Talvez a emoção mais antiga no mundo seja a comoção; mas descrevê-la - só nomeá-la - deve ter sido como tentar apanhar qualquer coisa invisível. [...]
Tendo começado a sentir coisas, o desejo das pessoas de sentir foi crescendo. Queriam sentir mais, sentir mais profundamente, por muito que às vezes doesse. As pessoas tornaram-se viciadas em sentimentos. Esforçavam-se por descobrir novas emoções. É possível que tenha sido assim que nasceu a arte. Forjaram-se novas formas de alegria, bem como novas formas de tristeza: a eterna desilusão da vida como ela é; o alívio de um adiamento inesperado; o medo de morrer.
Mesmo hoje, ainda não existem todos os sentimentos possíveis. Há ainda aqueles que estão para além da nossa capacidade e imaginação. De tempos a tempos, quando uma peça de música que jamais foi escrita, ou um quadro que jamais foi pintado, ou qualquer outra coisa impossível de prever, ou sequer descrever, tem lugar, surge um novo sentimento no mundo. E depois, pela milionésima vez na história dos sentimentos, o coração dispara e absorve o impacto.
Em "A História do Amor" de Nicole Krauss
23 Apr 2008
Porquê, Joana?
Meus caros, nua e crua a verdade é esta: os rosto que vêem na imagem são rostos da mesma pessoa. Sim, da (ex)bela Joana Amaral Dias.
Explico: Sou do tempo (já dizia o anúncio) em que a Joana Amaral Dias todos deliciava com a sua beleza, repleta de graciosidade e transbordante de luminosidade. Linda, pronto! Mas isso era antes, como podem ver na imagem!
Nunca fui nada adepto do seu discurso, nada mesmo! Mais: aquele nariz empinado quando dona da palavra, o topete presunçoso e vaidoso deixa-me irritado. Bem, isso é só às vezes. Outras vezes, conseguindo-me abstrair das bacoradas que lhe vão saindo pela boca, até acho que a figura manda muita graça.
Mas isso era antes!
Confesso, foi um choque. Não estava à espera! Passo pela TV e sou confrontado com a actual realidade. Uma rapariga, enfezada, com as mãos articulando-se esqueleticamente, o queixo afiado e os olhos encovados. E o cabelo....ai o cabelo....não sei odeio mais a cor se aqueles lanhos que deu nos cabelos da frente. O que é aquilo? Alguém me explique! Será que ela está muito à frente do tempo e este é o corte para a próxima estação?!? Será, Joana?
Sobre a t-shirt que ela vestiu sob aquele casaco "verde lagarto" não vou dizer nada, a boca secaria, os dedos calejariam!
O que me atormenta é o exercício de tentar antecipar o próximo passo. Mas não parece tarefa difícil, basta olhar para as suas "pares" na bancada parlamentar da esquerda e perceber o óbvio: A Joana não se sente bem no seio da esquerda. Não é, Joana?
Vejamos: as rivais femininas primam todas pela falta de gosto, pela falta de cuidado, enfim, pela falta! O resultado é que tudo o que é homem cola na Joana! E isto até lhe traz vantagens, com certeza. E ela até deve achar uma certa piada, uma vez por outra. Agora sempre, sempre, sempre....não há quem aguente (até porque eles também têm todos um aspecto...)! Não é, Joana?
Além disso a Joana deve estar sempre a provar o amargo veneno de todas a mulheres do clã que, certamente, têm por passatempo preferido "sibilar-lhe" nas costas. E como as mulheres conseguem ser umas cobras umas para as outras....
A Joana, acredito que inconscientemente (ou pelo menos de forma pouco consciente), e na tentativa de se integrar nos seus pares, entrou num caminho que não era o dela. Receio, no entanto, que seja um caminho sem volta. Daqui a nada a Joana parecerá com a Ana Drago. E os anos passarão e o espelho reflectirá uma imagem parecida com a Odete.
E aí sim, ela será mais uma entre iguais.
Na esquerda isso de se ser muito bonita e muito gata é coisa mal vista. Isso é coisa para as elites, é coisa para os opressores do povo trabalhador, esse povo infeliz que não foi predestinado para a beleza.
Não é, Joana? ...eu por mim, só por provocação, acho que lhe fazia bem um namorado praticante de vela, com mansão em Cascais e filiado na Juventude Popular.
18 Apr 2008
Ena!, Tchi!, Chiça!.
Luís Filipe Menezes demitiu-se. Ena!
Agora vão concorrer muitos Luís Filipes Menezes, contra o próprio Luís Filipe Menezes (isto de ele dizer que não tem vontade de se recandidatar é para enganar tolos). Tchi!
Depois vai ganhar o mesmo Luís Filipe Menezes. Chiça!
17 Apr 2008
Lotação Esgotada
Desde o fim da Lotação Esgotada no Canal1 que o serão de Quarta-Feira não mudava de forma tão penosa.
14 Apr 2008
Estado em Tribunal
Donos dos terrenos da Ota levam Estado a tribunal.
Não é preciso conhecer pormenores do processo de decisão da localização do novo aeroporto para se perceber a falta de correcção e competência que lhe presidiu.
Estes senhores foram, muito provavelmente, ilegitimamente prejudicados em consequência de todo o processo. Se assim for espero mesmo que o consigam provar e que sejam ressarcidos pelo Estado.
E depois espero que o Estado aproveite a oportunidade para identificar os governantes responsáveis, para os levar a tribunal. E espero que aí consiga fazer prova dessa responsabilidade.
Fico à espera! ...sentadinho, claro!
12 Apr 2008
Rico Acordo
Sobre o novo Acordo ortográfico muito já se disse. Muita gente com opinião, muita gente com excelentes pontos de vista, muita gente em terreiro. Quase sempre se maldiz o Acordo, quase sempre se maldizem os seus autores.
Confesso que não pertencendo à classe dos intelectuais letrados e académicos que são os que mais são chamados a opinar em assuntos deste calibre, também eu não sinto grande simpatia por este acordo.
Não que ache que a mudança signifique perda de identidade, ou signifique uma indigna concessão que se esteja a dar aos nossos compinchas brasucas, nada disso.
É que tenho, e acho que temos todos, uma particular simpatia por aqueles cês antes dos tês, por aqueles cês antes dos outros cês. É um carinho, não sei. Vejo-os como uma coisa muito nossa, muito íntima! Gosto mais do nosso português se eles existirem.
Por outro lado, não posso simpatizar com um acordo que, indubitavelmente, se mostrará completamente inútil. Até pode ser que, na prática, o cês e outros pormenores dessa espécie se percam, e portugueses, brasileiros, angolanos, timorenses (bem, timorenses se calhar não!! lol) venham a escrever as palavras da mesma forma. Mas o que é que isso traz de valor para a Língua Portuguesa?!?! NADA! Será possível que um livro brasileiro seja editado em Portugal sem ser "traduzido". Não! Vice-versa? Não! Nada disso.
Ninguém tem dúvidas que uma língua é muito mais do que a forma como se escrevem as palavras, e tenho por certo que harmonizar essa forma não é passo nenhum no sentido de universalizar a língua. Antes, parece ser descaracterizá-la por decreto, tirar-lhe as raízes e os localismos pela via burocrática.
Por mim acho este tema digno de referendo. Mesmo! Referendo, já! Eu que fui contra o referendo ao aborto acho que se mexer desta forma com a nossa lingua não é tema para referendo então o que é que é! É que não tenho registo de que este tema estivesse no programa do PS nas últimas eleições! Algum dos votantes no PS saberia que estava a votar num acordo ortográfico que lhe ia acabar com os cês mudos? Não creio!
A verdade é que, provavelmente, o Acordo vai em frente, e que um dia destes teremos jornais, manuais escolares, Diário da República, sítios governamentais na internet, modelos do IRC, modelos do abono de família, etc, tudo escritinho de acordo com o Acordo. E o povo lá se vai habituar, e daqui a nada já ninguém se lembra. A não ser que se esqueçam de alterar os Recibos Verdes!!! ...ficamos com essa verde esperança!
9 Apr 2008
Milho Rei
Esta notícia de hoje anuncia escalada nos preços do milho. As razões estão outra vez, e invariavelmente, relacionadas com a China. Mas isso não interessa nada.
O que me ocorre é que se isto se vem mesmo a confirmar vamos ter o frango (sim, o frango) a preços de picanha. Vamos ter os ovos a preço de caviar.
Ou seja, não tarda vamos ter os churrascos a substituir o belo do cocktail e a bela da recepção de ponche e canapé!!
Delicio-me com a imagem de ver qual Maia, qual Cinha, em amena cavaqueira, cada qual com a sua asita de pito na unharra!! Liiiiiindo!!
Rica História
Noutros sítios foi assim, no Tibete é diferente!
"Para liquidar os povos [...] começa-se por se lhes tirar a memória. Destroem-se-lhe os livros, a cultura, a história. E outra pessoa qualquer escreve-lhe outros livros, dá-lhes outra cultura, e inventa-lhes outra história. Em seguida, o povo começa lentamente a esquecer o que é e o que era. O mundo à sua volta esquece ainda mais depressa."
Em "O Livro do Riso e do Esquecimento" de Milan Kundera
8 Apr 2008
Custos na Adopção
A notícia de que os processos de adopção passarão a implicar alguns custos para os casais que estão a adoptar não me choca nada.
Não só aceito, como tenho por fundamental, o princípio de que todo o serviço prestado deve implicar um preço a suportar. Não vejo razão para ser diferente com um processo de adopção.
Outra questão é saber se o preço é livremente fixado, num equilíbrio entre procura e oferta. Certamente não será o caso, mas essa é outra discussão.
Nesta notícia o que me choca é saber que é o mesmo governo que liberalizou o aborto e que o tornou gratuito que, agora, vem onerar os processos de adopção.
Portanto, a ver se entendemos a mensagem que os nossos governantes querem passar: Engravidas sem querer, no problem, é só ir ao Hospital, tirar senha e resolver o problema. Queres engravidar e não consegues, azar, azar do caraças, azar que te vai custar uns bons cobres!
Cá connosco é assim: quem por amor a uma criança que não pode ter quer adoptar não tem Estado que lhe preste assistência (não só faz questão de que o processo seja o mais demorado possível, como agora ainda cobra uns euritos), no entanto, quem por irresponsabilidade e devaneio se vir prenha de uma criança que não quer ter pode contar com o Estado mais perdulário e previdente.
Faz-me espécie ter de aturar isto....
5 Apr 2008
4 Apr 2008
A Escolha Privada no Ensino
Ficamos assim a saber que o exemplo sueco caminhou no sentido da livre escolha. Baseia-se agora nele!
Por cá, certamente que muitos dos que "enchem a boca" com o exemplo sueco para defender a centralização das escolhas não fazem ideia do que por lá se passa.
3 Apr 2008
Rica Escolinha
Grande coincidência a de, após colocar o post com a citação de Albert Einstein, e progredindo na leitura da já referenciada Foreign Policy, nela encontrar um artigo (que ocupa 8 das suas páginas) com o sugestivo título de "A filosofia europeia do insucesso".
Destaca o autor, Stefan Theil editor económico da Newsweek para a Europa: "Em França e na Alemanha os estudantes estão a ser obrigados a submeter-se a uma perigosa doutrinação. Ensinados a crer que princípios económicos como o capitalismo, o mercado livre e o empreendedorismo são selvagens, pouco saudáveis e imorais, estes estudantes são criados numa dieta de preconceitos e enviezamentos...."
O autor fala da França e da Alemanha, eu junto o nosso Portugal, sem hesitar.
Em Portugal generaliza-se a ideia de que empreender (seja criar empresas ou criar conhecimento), com base na ambição e no desejo pessoal de prosperar é explorar o próximo, é inaceitável socialmente. No fundo, o que transparece é que quem empreende está, ainda que não de forma clara, a oprimir quem não empreende, está a colocar-se numa posição de elevação, e portanto está, por essa via, a subjugá-lo e a contribuir activamente para a sua menorização. E isso, numa sociedade moderna e europeia é cada vez menos aceitável, significa aprofundar as clivagens sociais, tidas consensualmente (não por mim) como malígnas.
Isto passa na televisão, passa nos jornais, passa na rua, e pior, passa na escola, onde professores mal preparados, têm a carreira garantida e são o espelho desta pobre filosofia. A filosofia da pobreza. Da pobreza material e, sobretudo, da pobreza de espírito.
O desafio e o estímulo de ir além, de cada um se testar a si próprio nos seus limites de competência e criatividade, ficam acabrunhados num clima que condena a promoção individual.
Permito-me aqui transcrever alguns trechos deste artigo que acho mais significativos:
"Mesmo uma análise pouco profunda dos manuais escolares revela que muitos são escritos sob uma perspectiva de um futuro sindicalizado e com contrato. Os patrões são satirizados e aparecem em ilustrações como plutocratas ociosos que fumam calmamente o seu charuto [...]. O empreendedor de sucesso é, virtualmente impossível de ser encontrado."
"...um capítulo sobre 'O que fazer contra o desemprego' em vez de descrever como é que as companhias podem gerar empregos [...] explica como é que aqueles que não têm emprego podem organizar-se em grupos de auto-ajuda e juntar-se [...] aos protestos anti-reformistas."
"Pode-se esperar que os europeus tenham uma visão do mundo a partir de um prisma ligeiramente de centro-esquerda ou social-democrata. A surpresa está na intensidade e profundidade da orientação anti-mercado que está a ser ensinada nas escolas da Europa. Os estudantes aprendem que as companhias privadas destroem empregos enquanto as políticas governamentais os criam. Os empregadores exploram, enquanto o Estado protege. Os mercados livres oferecem o caos, enquanto a regulaçao governamental traz a ordem. A globalização é destrutiva, se não catastrófica. Os negócios são um jogo de soma zero, fonte de uma litania de problemas sociais modernos."
No final o autor avisa: "Se países como a França e a Alemanha esperam colocar as suas nações num novo rumo económico, devem começar a prestar mais atenção ao que os seus jovens aprendem nas salas de aula."
2 Apr 2008
Adam Smith aponta erros comuns
Sim, ele está vivo!
Já vai no Error nº78 - "Government investment is vital to protect industry and jobs"
Muito actual e serve a Portugal como uma luvinha...parece que o pai da mão invisível não só está vivo, como tem acompanhado a economia portuguesa!
Ricos Partos (2)
Recuperando o meu post sobre a escolha da via do parto no SNS aconselho o Blasfémias aqui.
1 Apr 2008
Rica Frase
"It's no accident that capitalism has brought with it progress, not merely in production but also in knowledge. Egoism and competition are, alas, stronger forces than public spirit and sense of duty."
Albert Einstein
Post original aqui.