3 Apr 2008

Rica Escolinha

Grande coincidência a de, após colocar o post com a citação de Albert Einstein, e progredindo na leitura da já referenciada Foreign Policy, nela encontrar um artigo (que ocupa 8 das suas páginas) com o sugestivo título de "A filosofia europeia do insucesso".

Destaca o autor, Stefan Theil editor económico da Newsweek para a Europa: "Em França e na Alemanha os estudantes estão a ser obrigados a submeter-se a uma perigosa doutrinação. Ensinados a crer que princípios económicos como o capitalismo, o mercado livre e o empreendedorismo são selvagens, pouco saudáveis e imorais, estes estudantes são criados numa dieta de preconceitos e enviezamentos...."

O autor fala da França e da Alemanha, eu junto o nosso Portugal, sem hesitar.

Em Portugal generaliza-se a ideia de que empreender (seja criar empresas ou criar conhecimento), com base na ambição e no desejo pessoal de prosperar é explorar o próximo, é inaceitável socialmente. No fundo, o que transparece é que quem empreende está, ainda que não de forma clara, a oprimir quem não empreende, está a colocar-se numa posição de elevação, e portanto está, por essa via, a subjugá-lo e a contribuir activamente para a sua menorização. E isso, numa sociedade moderna e europeia é cada vez menos aceitável, significa aprofundar as clivagens sociais, tidas consensualmente (não por mim) como malígnas.

Isto passa na televisão, passa nos jornais, passa na rua, e pior, passa na escola, onde professores mal preparados, têm a carreira garantida e são o espelho desta pobre filosofia. A filosofia da pobreza. Da pobreza material e, sobretudo, da pobreza de espírito. 

O desafio e o estímulo de ir além, de cada um se testar a si próprio nos seus limites de competência e criatividade, ficam acabrunhados num clima que condena a promoção individual.

Permito-me aqui transcrever alguns trechos deste artigo que acho mais significativos:

"Mesmo uma análise pouco profunda dos manuais escolares revela que muitos são escritos sob uma perspectiva de um futuro sindicalizado e com contrato. Os patrões são satirizados e aparecem em ilustrações como plutocratas ociosos que fumam calmamente o seu charuto [...]. O empreendedor de sucesso é, virtualmente impossível de ser encontrado."

"...um capítulo sobre 'O que fazer contra o desemprego' em vez de descrever como é que as companhias podem gerar empregos [...] explica como é que aqueles que não têm emprego podem organizar-se em grupos de auto-ajuda e juntar-se [...] aos protestos anti-reformistas."

"Pode-se esperar que os europeus tenham uma visão do mundo a partir de um prisma ligeiramente de centro-esquerda ou social-democrata. A surpresa está na intensidade e profundidade da orientação anti-mercado que está a ser ensinada nas escolas da Europa. Os estudantes aprendem que as companhias privadas destroem empregos enquanto as políticas governamentais os criam. Os empregadores exploram, enquanto o Estado protege. Os mercados livres oferecem o caos, enquanto a regulaçao governamental traz a ordem. A globalização é destrutiva, se não catastrófica. Os negócios são um jogo de soma zero, fonte de uma litania de problemas sociais modernos."

No final o autor avisa: "Se países como a França e a Alemanha esperam colocar as suas nações num novo rumo económico, devem começar a prestar mais atenção ao que os seus jovens aprendem nas salas de aula."

1 comment:

Unknown said...

e a nos professores cabe-nos educa-los, orienta-los, tentar por vzes o impossivel...

esta td mt confuso...