24 Aug 2008

Louçã é um homem sensato...

...embora incoerente. 

Então não é que a propósito do veto do PR à nova lei do divórcio vimos o nosso ilustre líder do BE a virar liberal!!! 

Foram estas as exactas palavras:

"O PR mostrou nesta matéria ser um homem insensível e insensato. Porque o que a sentatez exige é que o Estado e a Lei não se metam naquilo que não é do Estado e da Lei. O que é das famílias é decidido pelas famílias. O que é dos casais é decidido pelos casais. E um casamento é uma decisão de duas pessoas, elas são responsáveis por ele, e é assim que ele se pode manter, ou é assim que ele um dia pode acabar."

Eu repito: "...o Estado e a Lei não se metam naquilo que não é do Estado e da Lei...", "...uma decisão de duas pessoas, elas são responsáveis..."

Ou seja, temos o BE a falar em abuso do Estado de intromissão na esfera privada e temos o BE a falar em responsabilização dos indivíduos! Bom, a continuar assim vou ter que votar BE!

A verdade é que, por um lado não se lembrou o Louçã de falar em responsabilização dos indivíduos quando o tema era o aborto (nesse tema defendia-se a mulher, que é o que está agora a tentar fazer o PR), por outro lado certamente não vamos ter de esperar muito para ouvirmos o mesmo Louçã, ou um dos seus bispos, sobre um qualquer tema que aí venha, a debitar mais um chorrilho de paternalismos estatitizantes, demagogos e populistas.

...enfim, é a política que temos!

2 comments:

João Trocado said...

Não me dá grande gozo defender o Louçã, mas o que estava em referendo era a despenalização do aborto - era esta a pergunta -, ou seja, o Estado e a Lei não penalizarem, que é o mesmo que não se intrometerem.

Parece-me que queres tomar o teu ponto de vista como se fosse o único, e naquele caso é mais correcto ver desta maneira.

Trocado

Tité said...

“O casamento é um contrato entre duas pessoas, de sexo diferente, que implica direitos e deveres recíprocos. Este processo inicia-se numa conservatório do registo civil, com uma manifestação da intenção de contrair casamento, seguida de requerimento de instauração do respectivo processo de publicações…”
Se a Constituição da República e o Código Civil consagram e legislam a celebração deste contrato, parece-me bastante insensato esperar que o Estado e a Lei não interfiram na “rescisão” do mesmo, não?
Admito que é discutível a necessidade da Lei proteger a parte mais frágil e os filhos menores, a visão excessivamente contabilística da relação ou mesmo a existem de “culpado” em matéria de divórcio, mas não tenho dúvidas quanto ao facto do senhor economista Francisco Louça estar longe de ser um homem sensato. Para fundador do Bloco de Esquerda, agita bandeiras demasiado diferentes das que desfralda no seu dia-a-dia…
Quanto ao aborto, não se tratava propriamente “de uma decisão de duas pessoas responsáveis”! Mas o povo mandou despenalizar e o Estado e a Lei cumpriram.
Conclusão (assumidamente lírica): Perfeito, era se nos casássemos por Amor… nem Estado, nem Lei, nem Louça e restante classe politica, nem aborto, nem tanto tempo a navegar na net! Tudo seria tão mais simples 