Sobre o novo Acordo ortográfico muito já se disse. Muita gente com opinião, muita gente com excelentes pontos de vista, muita gente em terreiro. Quase sempre se maldiz o Acordo, quase sempre se maldizem os seus autores.
Confesso que não pertencendo à classe dos intelectuais letrados e académicos que são os que mais são chamados a opinar em assuntos deste calibre, também eu não sinto grande simpatia por este acordo.
Não que ache que a mudança signifique perda de identidade, ou signifique uma indigna concessão que se esteja a dar aos nossos compinchas brasucas, nada disso.
É que tenho, e acho que temos todos, uma particular simpatia por aqueles cês antes dos tês, por aqueles cês antes dos outros cês. É um carinho, não sei. Vejo-os como uma coisa muito nossa, muito íntima! Gosto mais do nosso português se eles existirem.
Por outro lado, não posso simpatizar com um acordo que, indubitavelmente, se mostrará completamente inútil. Até pode ser que, na prática, o cês e outros pormenores dessa espécie se percam, e portugueses, brasileiros, angolanos, timorenses (bem, timorenses se calhar não!! lol) venham a escrever as palavras da mesma forma. Mas o que é que isso traz de valor para a Língua Portuguesa?!?! NADA! Será possível que um livro brasileiro seja editado em Portugal sem ser "traduzido". Não! Vice-versa? Não! Nada disso.
Ninguém tem dúvidas que uma língua é muito mais do que a forma como se escrevem as palavras, e tenho por certo que harmonizar essa forma não é passo nenhum no sentido de universalizar a língua. Antes, parece ser descaracterizá-la por decreto, tirar-lhe as raízes e os localismos pela via burocrática.
Por mim acho este tema digno de referendo. Mesmo! Referendo, já! Eu que fui contra o referendo ao aborto acho que se mexer desta forma com a nossa lingua não é tema para referendo então o que é que é! É que não tenho registo de que este tema estivesse no programa do PS nas últimas eleições! Algum dos votantes no PS saberia que estava a votar num acordo ortográfico que lhe ia acabar com os cês mudos? Não creio!
A verdade é que, provavelmente, o Acordo vai em frente, e que um dia destes teremos jornais, manuais escolares, Diário da República, sítios governamentais na internet, modelos do IRC, modelos do abono de família, etc, tudo escritinho de acordo com o Acordo. E o povo lá se vai habituar, e daqui a nada já ninguém se lembra. A não ser que se esqueçam de alterar os Recibos Verdes!!! ...ficamos com essa verde esperança!
1 comment:
lololol gosto particularmt como terminas o assunto com os recibos verdes, um tema q m é tao próximo :) ;)
a verdade é q os "c" "p" e outras tretas q tais so complicam e quem corrige testes bem o percebe, q essas tretas q tais ha mt q j foram banidas da lingua dos nossos "incultos" alunos... mas q temos mt carinho plos "c" uiiuiui faz parte das memorias de infancia... do genero "mae ta bem? nao! falta-t o "c" ta mal escrito!" lol
agr referendo.... hummm é demais...
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