25 Sept 2008
Relativizar!
Aquilo que, cá no nosso cantinho, nos pode parecer hediondo e do maior desrespeito possível, na verdade, e visto num contexto mais abrangente de um mundo que, invariavelmente, se mostra sempre capaz de mais, não é mais do que uma pequena amostra do imenso potencial de falta de decência de que o ser humano é capaz.
O importante é relativizar.
Em portugal a classe médica é, geralmente, mal vista. É o incumprimento de horários de consultas nos hospitais, é a falta de consideração no trato com o doente, é o preço elevado das consultas, é a incompetência e o desleixo, são as viagens a troco de um receituário farto, são, ainda, as concessões de "baixas" com nenhum fundamento que não seja a preguiça!
Mas, e relativizando, leio esta notícia do La Repubblica (Roma) citada no Courrier Internacional:
"Já tinham batido a bota há muito, mas a Segurança Social da Catânia não se apercebeu. E continuou a pagar aos médicos de família, que ganhavam para 'cuidar' dos mortos. Analisando uma amostra de um milhão de pessoas, o fisco italiano descobriu 21 mil casos de pacientes falecidos que continuavam a ser 'acompanhados' pelos médicos. Prejuízo para os cofres do Estado: cerca de 4,2 milhões de euros."
...e chego à conclusão que muito bem estamos nós!
10 Sept 2008
Lucky Luke ou Coperfield
Sobre a notícia do dia, que relata 3 disparos dentro de uma esquadra por parte de um queixoso contra outro queixoso (queixando-se um do outro, diga-se):
Apenas sendo mais rápido do que a sua própria sombra foi possível ao atirador escapar à sua apertada (leia-se apertadíssima) vigilância e atirar sobre o parceiro de disputa.
Apenas sendo o mais hábil ludibriador foi possível ao atirador fazer passar a arma pela demorada (leia-se demoradíssima) revista a que foi sujeito.
A verdade é que não se pode pedir que sempre que alguém se dirija a uma esquadra seja percorrido por mãos desconfiadas à procura de armas (seria até mais uma razão para não ter vontade nenhuma de me dirigir a uma), ou em alternativa (ou até cumulativamente) que tenha um Sr. Agente colado, coladinho precavido para a eventualidade de uma tresloucada acção do cidadão.
...o que se pode pedir (exigir, diria mesmo) é que nem Lucky Luke, nem Coperfield, nem qualquer outro tresloucado qualquer tenha a possibilidade de comprar, deter e fazer-se acompanhar de uma pistola!
As armas são boas, mas é para derreter e transformar em boas grades para enfiar esta gente lá dentro!
24 Aug 2008
Louçã é um homem sensato...
...embora incoerente.
Então não é que a propósito do veto do PR à nova lei do divórcio vimos o nosso ilustre líder do BE a virar liberal!!!
Foram estas as exactas palavras:
"O PR mostrou nesta matéria ser um homem insensível e insensato. Porque o que a sentatez exige é que o Estado e a Lei não se metam naquilo que não é do Estado e da Lei. O que é das famílias é decidido pelas famílias. O que é dos casais é decidido pelos casais. E um casamento é uma decisão de duas pessoas, elas são responsáveis por ele, e é assim que ele se pode manter, ou é assim que ele um dia pode acabar."
Eu repito: "...o Estado e a Lei não se metam naquilo que não é do Estado e da Lei...", "...uma decisão de duas pessoas, elas são responsáveis..."
Ou seja, temos o BE a falar em abuso do Estado de intromissão na esfera privada e temos o BE a falar em responsabilização dos indivíduos! Bom, a continuar assim vou ter que votar BE!
A verdade é que, por um lado não se lembrou o Louçã de falar em responsabilização dos indivíduos quando o tema era o aborto (nesse tema defendia-se a mulher, que é o que está agora a tentar fazer o PR), por outro lado certamente não vamos ter de esperar muito para ouvirmos o mesmo Louçã, ou um dos seus bispos, sobre um qualquer tema que aí venha, a debitar mais um chorrilho de paternalismos estatitizantes, demagogos e populistas.
...enfim, é a política que temos!
20 Aug 2008
JO.pt
"Não tenho roupa que dê com as medalhas!" é lema da nossa comitiva.
...a Vanessa, já se sabe, é uma mal arranjada! Basta ver como ela foi aos Globos de Ouro!
19 Aug 2008
Always on your side
My yesterdays are all boxed up and neatly put away
But every now and then you come to mind
Cause you were always waiting to be picked to play the game
But when your name was called, you found a place to hide
When you knew that I was always on your side
Well everything was easy then, so sweet and innocent
But your demons and your angels reappeared
Leavin' all the traces of the man you thought you'd be
Leavin' me with no place left to go from here
Leavin' me so many questions all these years
But is there someplace far away, someplace where all is clear
Easy to start over with the ones you hold so dear
Or are you left to wonder, all alone, eternally
This isn't how it's really meant to be
No it isn't how it's really meant to be
Well they say that love is in the air, but never is it clear,
How to pull it close and make it stay
Butterflies are free to fly, and so they fly away
And I'm left to carry on and wonder why
Even through it all, I'm always on your side
But is there someplace far away, someplace where all is clear
Easy to start over with the ones you hold so dear
Or are we left to wonder, all alone, eternally
But is this how it's really meant to be
No is it how it's really meant to be
Well if they say that love is in the air, never is it clear
How to pull it close and make it stay
If butterflies are free to fly, why do they fly away
Leavin' me to carry on and wonder why
Was it you that kept me wondering through this life
When you know that I was always on your side
Sheryl Crow - "Always on your side"
31 Jul 2008
Bons tempos...
...em que...
"Vicejavam os campos em plena Primavera. A amendoeira cobria-se de flores, os bosques enfolham-se e a brisa doudejava indiscreta, arregaçando o lenço à donzela que passava, ou roubando um beijo à rosa perfumada. Tudo eram alegrias e cânticos... os rouxinóis nas moitas, o coração nos amores e a natureza nos sorrisos ao sol esplêndido que a dourava."
...tempos que, temos pena, não duram para sempre!!!
O PR é queixinhas!
Sobre a comunicação do nosso PR ao país só me ocorrem 3 palavras: PA-TÉ-TI-CA!!
Parece o menino queixinhas que reclama com a professora que o meninos maus não o deixam jogar com eles!!
Pior, porque este menino já é bem crescidinho e tem vários outros meios para levar a bom termo o seu objectivo.
É claro que não podemos deixar de reparar na gritante incompetência dos constituintes do nosso órgão parlamentar. Demasiado mau para ser verdade.
Mas o que mais faz dói-dói é perceber que o nosso PR está muito pronto a vir-nos falar quando lhe interessa, mas não mostrou no passado a mesma disponibilidade quando mais precisámos dele. Senão vejam:
Que comunicação fez ele quando a nossa selecção foi eliminada no Euro2008?
Que comunicação fez ele quando o Paulo Portas mudou a cor dos dentes para branco lacado brilhante?
Que comunicação fez ele quando o Herman José voltou ao horário nobre da SIC?
É que nos teriam sabido bem umas palavras de conforto, diacho!!!
...assim se vê como falta gente séria na nossa política!
20 Jul 2008
Pobre Movimento
Vi ontem na SIC Notícias uma entrevista ao Prof. Eduardo Correia, fundador do MMS - Movimento Mérito e Sociedade, o nosso mais recente partido político.
Desde logo o nome não me parece muito feliz, parece pedante e pouco orientado. O discurso do Prof. Eduardo Correia é fluído, ficamos na certeza que se preparou para enfrentar as perguntas que, já esperaria, lhe foram colocadas.
No entanto, após uns instantes de entusiasmo, na expectativa de encontrar um partido que de facto trouxesse algo de novo (nomeadamente à nossa direita partidária), logo perdi as esperanças. Um chorrilho de banalidades, completamente generalizadas, nem um única ideia diferente ou em ruptura com o discurso de toda a malta já instalada na política há largos anos.
Para testar esta minha primeira opinião fiz uma visita ao site oficial do partido. Aqui encontrei a sua Declaração de Princípios. Leiam e respondam à seguinte pergunta: Haverá algum partido, dos que já têm assento na AR, que não subscreva este documento na integra? De tão redondo, banal e pobre é o que lá está escrito, eu não creio.
Aliás, difícil escolha seria a do Prof. Correia, quando, por ventura eleito como deputado à AR, teria de escolher em que quadrante da bancada se iria sentar...
....cá por mim o lugar dele não estará abaixo das galerias!!
17 Jul 2008
Fraquezas
Quando hoje estava de saída do escritório sucedeu o que a seguir descrevo:
Um respeitável senhor morador num edifício junto ao meu local de trabalho encontrava-se no seu carro, estacionado em frente a casa juntinho ao passeio.
Estava, percebia-se, nos trabalhos finais de uma ligeira (e bem necessária) limpeza do interior do seu estimado bólide. Alguns livros, algumas revistas e alguns envelopes empilhados no colo revelavam aprumo na organização do arquivo.
Nesta altura encaminho-me na sua direcção sem que ele me veja, uma vez que me aproximo pela retaguarda. É quando me encontro bastante perto que este estimado senhor descobre um "maldito" papel perdido num escondido canto da porta do seu carro.
Ora bolas, o que é que faço eu agora a este estupor deste papel?? perguntou-se o senhor. Antes de se responder, acto reflexo, amarfanhou-o na mão e discretamente, tão discretamente que nem ele reparou, esticou o braço, baixou o ombro e atirou o papel para a rua, mesmo, mesmo juntinho ao carro para que ninguém visse.
Azar, estava eu a passar e vi tudo!
Os nossos olhares cruzaram-se, e o respeitável senhor desviou e fitou os sapatos.
Naquele momento pensei dirigir-me junto ao carro, vergar-me, apanhar o papel e gentilmente dirigir-me ao respeitável senhor na forma: "Desculpe, penso que este papel lhe pertence!"
Mas no mesmo momento também decidi não fazer isso. A crueldade que seria sujeitar este senhor a um embaraço destes fez-me vacilar na intenção. Não gostei de imaginar a vergonha do senhor perante o seu filho, que ali sentado ao seu lado no banco do passageiro, de nada se tinha apercebido. Mais que isso não me achei no direito de lhe fazer isso. Achei-me na obrigação de lhe dar o direito a esta fraqueza.
Sim, direito à fraqueza!! Não nos peçam para sermos super-heróis!!
...mas pedem-nos tantas vezes!!
15 Jul 2008
De facto...
"Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não estou certo quanto à primeira!"
Albert Einstein
14 Jul 2008
19 Jun 2008
2 Jun 2008
Desigualdades no rendimento (I)
A propósito da divulgação de um indicador para a desigualdade que colocou Portugal no último lugar no ranking europeu demonstrarei nos próximos posts que, tendo em conta apenas dois pressupostos muito simples (e com bastante aderência à realidade, julgo eu) as desigualdades no rendimento dos indivíduos, não havendo papel do Estado na sua redistribuição, têm tendência a agravar-se.
Avanço já os pressupostos, e peço-vos que assim vão participando comigo nesta reflexão:
Pressuposto nº1: Uma vez atingido um limiar de bem-estar mínimo que permita ao indivíduo viver com recurso a todas as suas competências físicas e intelectuais, a sua felicidade (no sentido de realização pessoal) não é dada pelo nível de bem-estar de que o indivíduo dispõe, mas antes pelo aumento desse mesmo nível de bem-estar.
Pressuposto nº2: A curva da utilidade marginal é decrescente. Ou seja, sucessivas e adicionais unidades de consumo acrescentam cada vez menos bem-estar.
Versarei (e também porei em causa) um corolário, bastante óbvio, aliás, que resulta destes dois pressupostos conjugados e que atribui maiores possibilidades de realização pessoal aos indivíduos com menor rendimento.
Peço que notem que não pretendo fazer (por agora) nenhum julgamento crítico sobre a (suposta) injustiça nas desigualdades no rendimento, ou sequer sobre qual deve ser o papel do Estado nesta questão. Isso fica para depois.
30 May 2008
24 May 2008
Menos imposto não é subsídio!
Aproveitando o título do post anterior não posso deixar passar uma outra confusão que me causou considerável urticária.
Falo de uma intervenção do Dr. António Costa no último "Quadratura do Círculo". Discutia-se a preço dos combustíveis. Discutia-se a possibilidade de o Governo decidir por uma redução do ISP, fazendo aliviar a subida dos preços da gasolina e do gasóleo. António Costa mostrou-se contra. Ok, tudo bem, mas fantástico é o argumento. Para ele reduzir o ISP é subsidiar, disse bem, a palavra foi mesmo essa, subsidiar, o consumo dos combustíveis.
Eu até percebo qual é a ideia dele, é claro que decidir no sentido da redução do preço de qualquer bem é dar um sinal ao mercado para o aumento do seu consumo. Mas a minha urticária é inevitável. Reduzir impostos não é subsidiar nada nem ninguém! Repito: Reduzir impostos não é subsidiar. O dinheiro é nosso, os impostos são uma cobrança coerciva, reduzir essa cobrança não é subsidiar-nos.
Mais, a associação deve ser feita precisamente ao contrário: aumentar os impostos é que conduzirá a aumento dos subsídios, que naturalmente são financiados por eles.
Portanto, e só para aliviar um pouco a minha urticária, reduzir imposto é "aliviar carga fiscal sobre o contribuinte, aumentanto a parte do seu rendimento que fica disponível para seu uso privado", aumentar os impostos é "aumentar a cobrança coerciva, aumentando os recursos de que os Estado dispõe, nomeadamente para conceder subsídios".
Nota final para dizer que nenhum dos outros oradores interveio contestando o dito pelo Dr. António Costa.
Confusão
Vi recentemente atribuída a Isabel Allende a seguinte frase: "Não quero uma vida feliz. Quero uma vida interessante."
Que raio, digo eu! Estou confuso. E eu a pensar que ter uma vida interessante servia, antes de mais, o propósito de uma vida feliz. Afinal não, uma vida feliz parece ser apresentada em oposição a uma vida interessante.
Esta ideia deve ser o corolário da aparentemente óbvia, mas claramente falaciosa, associação da felicidade com o lazer, e da sabedoria com o esforço e com o sacrifício.
Pela minha parte acho-a uma ideia peregrina! Quero, de facto, ser uma pessoa interessante, quero conhecer, quero saber, quero ser muito eu. Mas isso só como um meio para me sentir realizado, para me sentir feliz (seja lá isso o que for), se não resultar não valerá de muito, mas acredito que esse é o caminho. Outros terão o seu.
21 May 2008
9 May 2008
8 May 2008
27 Apr 2008
A História dos Sentimentos
Tal como houve um primeiro momento em que alguém esfregou dois paus para fazer uma faísca, houve uma primeira vez em que se sentiu alegria, e uma primeira vez para a tristeza. Durante algum tempo, estavam constantemente a ser inventados novos sentimentos. O desejo nasceu cedo, bem como o arrependimento. Quando a teimosia foi sentida pela primeira vez, despoletou uma reacção em cadeia, criando o sentimento do ressentimento, por um lado, e a alienação e a solidão, por outro. Poderá ter sido um certo movimento de ancas a criar o êxtase; um raio de trovão a criar o primeiro sentimento de assombro. [...] Contrariamente à lógica, o sentimento da surpresa não nasceu imediatamente. Só chegou depois de as pessoas terem tido tempo suficiente para se habituarem ás coisas que elas eram. E quando esse tempo passou, e alguém experimentou o primeiro sentimento de surpresa, houve mais alguém, algures noutro sítio, a sentir o primeiro assomo de nostalgia.
Também é verdade que por vezes as pessoas sentiam coisas para as quais não havia palavras, e que por isso passavam em claro. Talvez a emoção mais antiga no mundo seja a comoção; mas descrevê-la - só nomeá-la - deve ter sido como tentar apanhar qualquer coisa invisível. [...]
Tendo começado a sentir coisas, o desejo das pessoas de sentir foi crescendo. Queriam sentir mais, sentir mais profundamente, por muito que às vezes doesse. As pessoas tornaram-se viciadas em sentimentos. Esforçavam-se por descobrir novas emoções. É possível que tenha sido assim que nasceu a arte. Forjaram-se novas formas de alegria, bem como novas formas de tristeza: a eterna desilusão da vida como ela é; o alívio de um adiamento inesperado; o medo de morrer.
Mesmo hoje, ainda não existem todos os sentimentos possíveis. Há ainda aqueles que estão para além da nossa capacidade e imaginação. De tempos a tempos, quando uma peça de música que jamais foi escrita, ou um quadro que jamais foi pintado, ou qualquer outra coisa impossível de prever, ou sequer descrever, tem lugar, surge um novo sentimento no mundo. E depois, pela milionésima vez na história dos sentimentos, o coração dispara e absorve o impacto.
Em "A História do Amor" de Nicole Krauss
23 Apr 2008
Porquê, Joana?
Meus caros, nua e crua a verdade é esta: os rosto que vêem na imagem são rostos da mesma pessoa. Sim, da (ex)bela Joana Amaral Dias.
Explico: Sou do tempo (já dizia o anúncio) em que a Joana Amaral Dias todos deliciava com a sua beleza, repleta de graciosidade e transbordante de luminosidade. Linda, pronto! Mas isso era antes, como podem ver na imagem!
Nunca fui nada adepto do seu discurso, nada mesmo! Mais: aquele nariz empinado quando dona da palavra, o topete presunçoso e vaidoso deixa-me irritado. Bem, isso é só às vezes. Outras vezes, conseguindo-me abstrair das bacoradas que lhe vão saindo pela boca, até acho que a figura manda muita graça.
Mas isso era antes!
Confesso, foi um choque. Não estava à espera! Passo pela TV e sou confrontado com a actual realidade. Uma rapariga, enfezada, com as mãos articulando-se esqueleticamente, o queixo afiado e os olhos encovados. E o cabelo....ai o cabelo....não sei odeio mais a cor se aqueles lanhos que deu nos cabelos da frente. O que é aquilo? Alguém me explique! Será que ela está muito à frente do tempo e este é o corte para a próxima estação?!? Será, Joana?
Sobre a t-shirt que ela vestiu sob aquele casaco "verde lagarto" não vou dizer nada, a boca secaria, os dedos calejariam!
O que me atormenta é o exercício de tentar antecipar o próximo passo. Mas não parece tarefa difícil, basta olhar para as suas "pares" na bancada parlamentar da esquerda e perceber o óbvio: A Joana não se sente bem no seio da esquerda. Não é, Joana?
Vejamos: as rivais femininas primam todas pela falta de gosto, pela falta de cuidado, enfim, pela falta! O resultado é que tudo o que é homem cola na Joana! E isto até lhe traz vantagens, com certeza. E ela até deve achar uma certa piada, uma vez por outra. Agora sempre, sempre, sempre....não há quem aguente (até porque eles também têm todos um aspecto...)! Não é, Joana?
Além disso a Joana deve estar sempre a provar o amargo veneno de todas a mulheres do clã que, certamente, têm por passatempo preferido "sibilar-lhe" nas costas. E como as mulheres conseguem ser umas cobras umas para as outras....
A Joana, acredito que inconscientemente (ou pelo menos de forma pouco consciente), e na tentativa de se integrar nos seus pares, entrou num caminho que não era o dela. Receio, no entanto, que seja um caminho sem volta. Daqui a nada a Joana parecerá com a Ana Drago. E os anos passarão e o espelho reflectirá uma imagem parecida com a Odete.
E aí sim, ela será mais uma entre iguais.
Na esquerda isso de se ser muito bonita e muito gata é coisa mal vista. Isso é coisa para as elites, é coisa para os opressores do povo trabalhador, esse povo infeliz que não foi predestinado para a beleza.
Não é, Joana? ...eu por mim, só por provocação, acho que lhe fazia bem um namorado praticante de vela, com mansão em Cascais e filiado na Juventude Popular.
18 Apr 2008
Ena!, Tchi!, Chiça!.
Luís Filipe Menezes demitiu-se. Ena!
Agora vão concorrer muitos Luís Filipes Menezes, contra o próprio Luís Filipe Menezes (isto de ele dizer que não tem vontade de se recandidatar é para enganar tolos). Tchi!
Depois vai ganhar o mesmo Luís Filipe Menezes. Chiça!
17 Apr 2008
Lotação Esgotada
Desde o fim da Lotação Esgotada no Canal1 que o serão de Quarta-Feira não mudava de forma tão penosa.
14 Apr 2008
Estado em Tribunal
Donos dos terrenos da Ota levam Estado a tribunal.
Não é preciso conhecer pormenores do processo de decisão da localização do novo aeroporto para se perceber a falta de correcção e competência que lhe presidiu.
Estes senhores foram, muito provavelmente, ilegitimamente prejudicados em consequência de todo o processo. Se assim for espero mesmo que o consigam provar e que sejam ressarcidos pelo Estado.
E depois espero que o Estado aproveite a oportunidade para identificar os governantes responsáveis, para os levar a tribunal. E espero que aí consiga fazer prova dessa responsabilidade.
Fico à espera! ...sentadinho, claro!
12 Apr 2008
Rico Acordo
Sobre o novo Acordo ortográfico muito já se disse. Muita gente com opinião, muita gente com excelentes pontos de vista, muita gente em terreiro. Quase sempre se maldiz o Acordo, quase sempre se maldizem os seus autores.
Confesso que não pertencendo à classe dos intelectuais letrados e académicos que são os que mais são chamados a opinar em assuntos deste calibre, também eu não sinto grande simpatia por este acordo.
Não que ache que a mudança signifique perda de identidade, ou signifique uma indigna concessão que se esteja a dar aos nossos compinchas brasucas, nada disso.
É que tenho, e acho que temos todos, uma particular simpatia por aqueles cês antes dos tês, por aqueles cês antes dos outros cês. É um carinho, não sei. Vejo-os como uma coisa muito nossa, muito íntima! Gosto mais do nosso português se eles existirem.
Por outro lado, não posso simpatizar com um acordo que, indubitavelmente, se mostrará completamente inútil. Até pode ser que, na prática, o cês e outros pormenores dessa espécie se percam, e portugueses, brasileiros, angolanos, timorenses (bem, timorenses se calhar não!! lol) venham a escrever as palavras da mesma forma. Mas o que é que isso traz de valor para a Língua Portuguesa?!?! NADA! Será possível que um livro brasileiro seja editado em Portugal sem ser "traduzido". Não! Vice-versa? Não! Nada disso.
Ninguém tem dúvidas que uma língua é muito mais do que a forma como se escrevem as palavras, e tenho por certo que harmonizar essa forma não é passo nenhum no sentido de universalizar a língua. Antes, parece ser descaracterizá-la por decreto, tirar-lhe as raízes e os localismos pela via burocrática.
Por mim acho este tema digno de referendo. Mesmo! Referendo, já! Eu que fui contra o referendo ao aborto acho que se mexer desta forma com a nossa lingua não é tema para referendo então o que é que é! É que não tenho registo de que este tema estivesse no programa do PS nas últimas eleições! Algum dos votantes no PS saberia que estava a votar num acordo ortográfico que lhe ia acabar com os cês mudos? Não creio!
A verdade é que, provavelmente, o Acordo vai em frente, e que um dia destes teremos jornais, manuais escolares, Diário da República, sítios governamentais na internet, modelos do IRC, modelos do abono de família, etc, tudo escritinho de acordo com o Acordo. E o povo lá se vai habituar, e daqui a nada já ninguém se lembra. A não ser que se esqueçam de alterar os Recibos Verdes!!! ...ficamos com essa verde esperança!
9 Apr 2008
Milho Rei
Esta notícia de hoje anuncia escalada nos preços do milho. As razões estão outra vez, e invariavelmente, relacionadas com a China. Mas isso não interessa nada.
O que me ocorre é que se isto se vem mesmo a confirmar vamos ter o frango (sim, o frango) a preços de picanha. Vamos ter os ovos a preço de caviar.
Ou seja, não tarda vamos ter os churrascos a substituir o belo do cocktail e a bela da recepção de ponche e canapé!!
Delicio-me com a imagem de ver qual Maia, qual Cinha, em amena cavaqueira, cada qual com a sua asita de pito na unharra!! Liiiiiindo!!
Rica História
Noutros sítios foi assim, no Tibete é diferente!
"Para liquidar os povos [...] começa-se por se lhes tirar a memória. Destroem-se-lhe os livros, a cultura, a história. E outra pessoa qualquer escreve-lhe outros livros, dá-lhes outra cultura, e inventa-lhes outra história. Em seguida, o povo começa lentamente a esquecer o que é e o que era. O mundo à sua volta esquece ainda mais depressa."
Em "O Livro do Riso e do Esquecimento" de Milan Kundera
8 Apr 2008
Custos na Adopção
A notícia de que os processos de adopção passarão a implicar alguns custos para os casais que estão a adoptar não me choca nada.
Não só aceito, como tenho por fundamental, o princípio de que todo o serviço prestado deve implicar um preço a suportar. Não vejo razão para ser diferente com um processo de adopção.
Outra questão é saber se o preço é livremente fixado, num equilíbrio entre procura e oferta. Certamente não será o caso, mas essa é outra discussão.
Nesta notícia o que me choca é saber que é o mesmo governo que liberalizou o aborto e que o tornou gratuito que, agora, vem onerar os processos de adopção.
Portanto, a ver se entendemos a mensagem que os nossos governantes querem passar: Engravidas sem querer, no problem, é só ir ao Hospital, tirar senha e resolver o problema. Queres engravidar e não consegues, azar, azar do caraças, azar que te vai custar uns bons cobres!
Cá connosco é assim: quem por amor a uma criança que não pode ter quer adoptar não tem Estado que lhe preste assistência (não só faz questão de que o processo seja o mais demorado possível, como agora ainda cobra uns euritos), no entanto, quem por irresponsabilidade e devaneio se vir prenha de uma criança que não quer ter pode contar com o Estado mais perdulário e previdente.
Faz-me espécie ter de aturar isto....
5 Apr 2008
4 Apr 2008
A Escolha Privada no Ensino
Ficamos assim a saber que o exemplo sueco caminhou no sentido da livre escolha. Baseia-se agora nele!
Por cá, certamente que muitos dos que "enchem a boca" com o exemplo sueco para defender a centralização das escolhas não fazem ideia do que por lá se passa.
3 Apr 2008
Rica Escolinha
Grande coincidência a de, após colocar o post com a citação de Albert Einstein, e progredindo na leitura da já referenciada Foreign Policy, nela encontrar um artigo (que ocupa 8 das suas páginas) com o sugestivo título de "A filosofia europeia do insucesso".
Destaca o autor, Stefan Theil editor económico da Newsweek para a Europa: "Em França e na Alemanha os estudantes estão a ser obrigados a submeter-se a uma perigosa doutrinação. Ensinados a crer que princípios económicos como o capitalismo, o mercado livre e o empreendedorismo são selvagens, pouco saudáveis e imorais, estes estudantes são criados numa dieta de preconceitos e enviezamentos...."
O autor fala da França e da Alemanha, eu junto o nosso Portugal, sem hesitar.
Em Portugal generaliza-se a ideia de que empreender (seja criar empresas ou criar conhecimento), com base na ambição e no desejo pessoal de prosperar é explorar o próximo, é inaceitável socialmente. No fundo, o que transparece é que quem empreende está, ainda que não de forma clara, a oprimir quem não empreende, está a colocar-se numa posição de elevação, e portanto está, por essa via, a subjugá-lo e a contribuir activamente para a sua menorização. E isso, numa sociedade moderna e europeia é cada vez menos aceitável, significa aprofundar as clivagens sociais, tidas consensualmente (não por mim) como malígnas.
Isto passa na televisão, passa nos jornais, passa na rua, e pior, passa na escola, onde professores mal preparados, têm a carreira garantida e são o espelho desta pobre filosofia. A filosofia da pobreza. Da pobreza material e, sobretudo, da pobreza de espírito.
O desafio e o estímulo de ir além, de cada um se testar a si próprio nos seus limites de competência e criatividade, ficam acabrunhados num clima que condena a promoção individual.
Permito-me aqui transcrever alguns trechos deste artigo que acho mais significativos:
"Mesmo uma análise pouco profunda dos manuais escolares revela que muitos são escritos sob uma perspectiva de um futuro sindicalizado e com contrato. Os patrões são satirizados e aparecem em ilustrações como plutocratas ociosos que fumam calmamente o seu charuto [...]. O empreendedor de sucesso é, virtualmente impossível de ser encontrado."
"...um capítulo sobre 'O que fazer contra o desemprego' em vez de descrever como é que as companhias podem gerar empregos [...] explica como é que aqueles que não têm emprego podem organizar-se em grupos de auto-ajuda e juntar-se [...] aos protestos anti-reformistas."
"Pode-se esperar que os europeus tenham uma visão do mundo a partir de um prisma ligeiramente de centro-esquerda ou social-democrata. A surpresa está na intensidade e profundidade da orientação anti-mercado que está a ser ensinada nas escolas da Europa. Os estudantes aprendem que as companhias privadas destroem empregos enquanto as políticas governamentais os criam. Os empregadores exploram, enquanto o Estado protege. Os mercados livres oferecem o caos, enquanto a regulaçao governamental traz a ordem. A globalização é destrutiva, se não catastrófica. Os negócios são um jogo de soma zero, fonte de uma litania de problemas sociais modernos."
No final o autor avisa: "Se países como a França e a Alemanha esperam colocar as suas nações num novo rumo económico, devem começar a prestar mais atenção ao que os seus jovens aprendem nas salas de aula."
2 Apr 2008
Adam Smith aponta erros comuns
Sim, ele está vivo!
Já vai no Error nº78 - "Government investment is vital to protect industry and jobs"
Muito actual e serve a Portugal como uma luvinha...parece que o pai da mão invisível não só está vivo, como tem acompanhado a economia portuguesa!
Ricos Partos (2)
Recuperando o meu post sobre a escolha da via do parto no SNS aconselho o Blasfémias aqui.
1 Apr 2008
Rica Frase
"It's no accident that capitalism has brought with it progress, not merely in production but also in knowledge. Egoism and competition are, alas, stronger forces than public spirit and sense of duty."
Albert Einstein
Post original aqui.
31 Mar 2008
Rica Exclusividade
A concessão à Lusoponte da 2ª Travessia do Tejo ligando Lisboa à margem Sul decorreu no âmbito de um concurso internacional, bastante participado, e com consórcios que incluiam as maiores e melhores empresas do sector da construção e gestão de infraestruturas do mundo.
Não há razões para considerar, portanto, que o acordo não foi um acordo justo, que não foi um acordo livre, que não foi um acordo obtido em mercado concorrencial.
Nas negociações finais, para se chegar à chamada BAFO (Best And Final Offer) parece normal que a Lusoponte quisesse incluir no acordo uma salvaguarda para possível (futura) concorrência que viesse a afectar o modelo de negócio que estava a ser negociado e sob o qual os direitos e obrigações de cada uma das partes seriam estabelecidos.
Parece óbvio que se o Estado, a um dado momento da concessão, decidisse construir mais travessias junto às travessias concessionadas à Lusoponte, concerteza que o chamado Base Case da Lusponte não teria condições de se efectivar, afectando, assim, a rentabilidade, se não mesmo a viabilidade, da concessionária.
Do meu ponto de vista vejo duas alternativas fundamentais para efectuar esta "blindagem":
1- Prever esquema de compensação caso uma nova travessia se viesse a concretizar. Compensação pelos danos efectivos e verificados.
2- Conceder exclusividade nas travessias, e assim, qualquer perda de tráfego nas actuais pontes seria compensada na(s) nova(s) travessia(s).
À priori, a primeira opção surge como a mais natural, dada a natureza do assunto (afinal estamos a falar de monopolizar as travessias do Tejo na capital do país) e dado o prazo em que se desenrolam estes projectos (tipicamente algumas dezenas de anos) o que lhes atribui um considerável nível de incerteza.
No entanto a escolha recaiu na atribuição de exclusividade, o que pareceu um pouco bizarro.
Há dias, na SIC Notícias percebi por que motivo o ministro da altura (Engº Ferreira do Amaral) fez esta opção. Segundo ele, era sua convicção que dentro do período da concessão da Lusoponte, não haveria necessidade de se construir uma terceira travessia.
Imagino eu que, estando ele convicto disto, terá considerado que ao colocar este direito no contrato com a Lusoponte poderia retirar benefícios adicionais. Porquê? Vejamos:
Para a Lusoponte qual é o valor da exclusividade? Vale a segurança de não ter o plano de negócio afectado por concorrência sem respectiva compensação e vale o que valer o novo negócio de travessias adicionais, ou seja, o novo tráfego a atravessar o Tejo.
Para o ministro o que é que valia a exclusividade? Vale menos, resolve-lhe apenas o problema de incluir no contrato com a Lusoponte a protecção face a futura concorrência. Mais que isso não era muito, pois ele não incorporava a expectativa de efectiva construção de nova travessia.
Assim, o ministro, vendo que a outra parte atribuía mais valor à exclusividade de travessias do que ele próprio, agiu racionalmente, ou seja, escolheu essa opção. Fazer esta escolha terá possibilitado, espera-se, obter contrapartidas no processo de negociação, as quais ele valorizava mais do que a exclusividade.
No entanto, e em teoria, ele esteve disposto a aceitar menos contrapartidas do que exigiria caso a sua expectativa fosse idêntica à da Lusoponte. E sabemos que não era, porque então nesse caso não se justifica a escolha da opção mais bizarra, pois ela nada acrescentava.
O que vemos hoje é que o ministro estava enganado, e portanto, ao optar pela solução mais bizarra também optou pela solução que mais beneficiou a Lusoponte. De facto, ao incorporar no negócio uma expectativa que se verificou errada, o Engº Ferreira do Amaral aceitou (teoricamente) contrapartidas de valor inferior ao valor que o direito de exclusividade tinha para a Lusoponte e, sabe-se hoje, inferior ao valor que o direito efectivamente revelou ter.
Portanto, e em suma, não creio que neste negócio possamos encontrar desonestidade em nenhuma das partes (suspeita que frequentemente é levantada nos órgãos de comunicação social), encontro, sim, uma enorme falta de visão do Engº Ferreira do Amaral, que em meados da década de 90, ocupando o cargo de Ministro da Obras Públicas considerou como "muito pouco provável" a construção de uma terceira travessia do Tejo junto a Lisboa.
29 Mar 2008
Ricos Partos
A Srª Ministra da Saúde acha que as mulheres não devem ter o direito de escolher a forma como dão à luz.
O que mais choca é que isto é dito e defendido com o maior dos descaramentos, e de uma forma que até pode parecer que esta gente está mesmo, mesmo a defender os nossos interesses.
Termos agora alguém que nos desonera de ter de escolher o tipo de parto que queremos, alguém sábio e que não tem interesse maior que não seja o nosso próprio interesse, só pode ser considerado positivo.
É claro que esta ideia peregrina tem fundamentos nos esquemas e desvirtuamentos que os benefícios e comparticipações (e são tantos) possibilitaram. Ou seja, mais uma vez, o papel intervencionista do Estado (ao conceder benefícios) é a justificação para mais e mais intervenção. Ora bolas!!!!
E até parece que já estou a ver o próximo passo: uma vez que são dados incentivos à natalidade, ora então, porque não deixar a cargo do Estado decidir quando e quantos filhos temos?!? E mais, se decide como é o parto não parece descabido decidir também como é a concepção!!! De quatro ou à missionário? Se calhar é melhor à missionário, de quatro já estamos todos nós perante estes decisores!!
Daqui a nada estão como no "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, a colocar gotinhas de álcool nas provetas, tantas mais gotinhas quanto menos inteligente querem que o "rebento" seja, e consequentemente de mais baixa casta!
28 Mar 2008
Rica Boda
Ouvi dizer que FISCO anda a pedir os comprovativos fiscais das despesas com a boda de casamento!
Para os noivos é uma maçada, no calor da paixão veêm-se obrigados a afazeres tão terrenos.
Melhor fazia o FISCO se, antes das despesas com a boda, indagasse as despesas com a despedida de solteiro(a). É que essas facturinhas até o outro noivo ia fazer questão de ver! ....e podia até não haver casamento. Olha, menos maçadas!
Rica Droga
O post anterior divulga, o post actual leva a efeito!
A discussão sobre a legalização da droga não tem sido tema de actualidade. Quando o assunto é abordado a hipótese é apenas "testada" para as drogas leves. Serei ainda do tempo de um referendo, amedrontado, sobre a matéria. Possíveis questões são razoáveis anedotas!!
O argumento mais forte a favor da legalização reside, por incrível que possa parecer, na defesa do indivíduo, ou seja, da sua unicidade, do seu livre arbítrio. Parece de facto bizarro que qualquer indivíduo possa "intoxicar-se" com as leituras que quiser, com as crenças que quiser, com as músicas que quiser, mas de todo não o possa fazer com uma substância, pelo simples facto que esta lhe corre nas veias e aquelas "apenas" lhe toldam o espírito.
Mais que isso, e como segundo ponto, ao impor a proibição, o Estado não só está a ingerir-se na esfera das opções (que deviam ser) pessoais, como ainda impõe a todos os concidadãos o encargo social de viverem com os problemas de violência, crime, corrupção e delinquência, e o encargo material de terem de suportar um sistema de segurança, fiscalização e punição, desviando recursos daqueles que os geram e certamente melhores aplicações teriam pensado para eles.
Fique claro, defender a liberalização não é defender o consumo, longe disso. Esta é uma confusão que agrada aos que se sentem pouco confortáveis com este debate. Os adolescentes de t-shirts com a folha da cannabis estampada e com "Legalize" por slogan perderiam, certamente, grande parte do entusiasmo no seu consumo assim que deixassem de sentir a adrenalina e o sabor do fruto proibido.
A proibição da droga é um paternalismo hipócrita. É um paternalismo de pai que expulsa o filho homossexual de casa, igual ao que vemos com os toxicodependentes que se acabam aos poucos na rua. É um paternalismo de pai que suspende a mesada do filho enquanto este não cortar o cabelo que entretanto foi deixando crescer, assim como vemos os toxicodependentes, vivendo na penúria e pedinchice a que a sua miséria conduz.
Em suma, é óbvio que o aspecto da redução dos danos provocados pela droga é um argumento forte em favor da liberalização, mas que diabo, antes desse está a liberdade de cada um tratar o seu corpo da forma como bem queira. Mesmo que escolha viver apenas até à derradeira overdose.
Que vida quando não se pode escolher a forma como se vive e, querendo, a forma como se morre?!?!
27 Mar 2008
Rica Tolerância
Segunda à tarde, dia de tolerância, em visita à banca do hábito, o meu Courrier Internacional já tinha sido vendido a outro dono.
- Então e o que é que há aí que eu possa ler?
Visão não, Sábado nem pensar, Super Interessante não, que não acho que seja....
Acabei por descobrir a Foreign Policy. A edição portuguesa vai na número 3 e a capa berra "Um mundo sem o Islão" por Graham Fuller.
Folheei e comprei.
Graficamente não é evoluída (faz lembrar a Economia Pura), alguns artigos parecem pouco rigorosos (gráficos com escalas duvidosas, etc), mas enfim, só deu para uma primeira impressão que entretanto a companhia chegou.
No entanto ficou lucro, porque pelas primeiras páginas encontrei nas "Cartas do leitor" o tema para o meu próximo post: "Legalizar ou não legalizar?" ...a droga, claro!
26 Mar 2008
Rico(s) Riso(s)
Conceber o diabo como partidário do Mal e o anjo como um combatente do Bem é aceitar a demagogia dos anjos. As coisas são evidentemente mais complicadas.
Os anjos são partidários, não do Bem, mas da criação divina. Pelo contrário, o diabo é aquele que recusa ao mundo divino qualquer significado racional.
O domínio do mundo, como se sabe, é partilhado por anjos e demónios. No entanto, o bem do mundo não implica que os anjos levem vantagem sobre os demónios, [...] mas que os poderes de uns e outros estejam mais ou menos equilibrados. Se no mundo há demasiado significado incontestável (o poder dos anjos), o homem sucumbe sob o seu peso. Se o mundo perde todo o significado (o reino dos demónios), também não se pode viver.
As coisas inesperadamente privadas do seu suposto sentido, do lugar que lhes é atribuído na pretensa ordem das coisas [...], provocam-nos o riso. Na origem o riso é, portanto, do domínio do diabo. Tem algo de maléfico (as coisas revelam-se de repente diferentes daquilo por que se faziam passar) mas também contém em si uma parte de benfazejo alívio (as coisas são mais leves do que pareciam, deixam-nos viver mais livremente, cessam de nos oprimir sob a sua séria austeridade).
Quando o anjo ouviu, pela primeira vez, o riso do Diabo ficou estupefacto. [...] O anjo percebeu claramente que aquele riso era dirigido contra Deus e contra a dignidade da sua obra. Sabia que, fosse como fosse, devia reagir depressa, mas sentia-se fraco e indefeso. Como era incapaz de inventar, macaqueou o adversário. Abrindo a boca, emitiu sons entrecortados, sacudidos, nos intervalos superiores do seu registo vocal [...] mas dando-lhe um significado oposto. Enquanto o riso do diabo designava o absurdo das coisas, o anjo queria, pelo contrário, regozijar-se do facto de tudo aqui em baixo estar bem ordenado, sabiamente concebido, bom e pleno de sentido.
Assim, o anjo e o diabo opunham-se e, mostrando as bocas abertas, emitiam quase os mesmos sons, mas cada um exprimia pelo seu clamor coisas absolutamente contrárias. E o diabo via o anjo rir, e ria-se ainda mais, tanto melhor e tanto mais francamente quanto o anjo que ria era infinitamente cómico.
Um riso ridículo é a ruína. Apesar de tudo, os anjos obtiveram um resultado. Enganaram-nos com uma imposta semântica. Para designar a sua imitação do riso e o riso original (o do diabo) há apenas uma única palavra. Hoje ninguém se dá conta de que a mesma manifestação exterior encobre atitudes interiores absolutamente opostas. Há dois risos e não existe uma palavra que os distinga.
Em "O Livro do Riso e do Esquecimento" de Milan Kundera (Título e negritos da minha autoria)
Rico Spam
Meus caros, cá está o meu blogue!
Não foi fácil o arranque, isto é como construir um empresariado e prepará-lo para o mercado: depois da ideia junta-se a determinação, reunem-se os equipamentos e exploram-se conhecimentos.
E deu nisto. Ou melhor, vai começar a dar, ...vai dando.
Só que, como teste ao empreendedor, fui, à partida, suspeito considerado culpado. Assim como se dizem o Valentim e o Carlos Cruz. Ainda que no meu caso seja menor a causa. Pois bem, acabadinho de criar o Rica Ziga! no Blogger, fico sabedor que, infâmes, me acusam de produzir Spam.
Que sim, que o técnico vai ver melhor, mas que os robôs às vezes até acertam e portanto, ficas desde já sob medida cautelar: não mexes nem mais um caracter até que o técnico te abençoe. IRRRRAA!
As minhas intenções são sérias, mas agora que me mostraram a maçã até dá vontade de transgredir! Resisto, no entanto.
O técnico lá deu ámen, e eu lá engoli a hóstia!